Entrevista BeautyLand

“Pensado para favorecer o rosto e a personalidade de cada pessoa, o visagismo é uma técnica usada em salões de cabeleireiro premium. Consiste em saber ler nas entrelinhas da morfologia de cada rosto e chegar ao corte ideal: aquele que melhor “veste” a pessoa, por dentro e por fora. Perfeita para quem procura um visual autêntico e único, irrepetível, esta técnica requer uma análise minuciosa prévia antes do corte. Depois, a magia acontece”

“O visagismo em que eu acredito, que é o de Claude Juillard, passa por decifrar a linguagem visual de cada rosto”, começa precisamente por explicar José Queirós, cabeleireiro especialista na técnica e CEO do salão Visagisme Studio Cabeleireiro, em Gondomar. “Isso é feito tendo por base sete formas de rosto, e tendo em conta cada morfologia de rosto”, a fim de se chegar a um corte e a um penteado ideal para determinada pessoa, explica. “Sempre com o intuito de dar mais caráter e harmonia ao rosto, em função da emoção do cliente”. De acordo com o visagista e artista plás[1]tico brasileiro Philip Hallawell, o visagismo pode ser visto como “a arte de revelar o melhor da identidade de um ser humano, com recurso a harmonia e estética”. O certo é que, de 1937 para a frente, o salão de Fernand Aubry se enchia de mulheres elegantes que procuravam o seu próprio penteado

QUAIS SÃO AS REGRAS BASES DO VISAGISMO?

Sabemos que o nosso rosto é composto por formas, linhas, expressões e pequenos detalhes que fazem de nós indivíduos úni[1]cos. Assim, o visagismo não se restringe à identificação dos formatos (formes) do rosto e dos tons de pele (couleurs). “Para se fazer visagismo de forma correta, há uma análise de primeiro grau (1D) que é feita ao rosto da pessoa, identificando a sua forma.

Em segunda análise, tem-se em conta possíveis assimetrias, saliências, expressões ou microexpressões (2D), qual o lado do rosto que é mais favorecido, entre outras particularidades.

Depois, e numa última fase, analisa-se o perfil (3D) da pessoa, como é vista de uma ótica lateral”, explica José Queirós. Por exemplo, “quando cortamos acima do pescoço, quem não domina estas três fases está sempre a cortar no escuro”, lembra José. Acima de toda a técnica e do conceito, é preciso intuição e conhecimento de corte, claro. Aliás, a linguagem visual e a análise da personalidade são abordadas de maneira quase sempre intuitiva.

Há quem veja nisto um lado holístico, que também está dentro das tendências da beleza, já que um cosmético há muito que deixou de ser apenas isso, e um corte de cabelo idem, idem. Para o cabeleireiro e especialista, “a importância que o visagismo tem no mundo dos cabeleireiros passa por saber – quando se corta o cabelo (e quando ligamos a linha ao rosto) – o que está a acontecer às maçãs do rosto, à boca, ao nariz, aos olhos”. É importante prestar atenção às microexpressões faciais, por exemplo, que “existem” no rosto de determinada pessoa todos os dias, e que peso têm elas quando combinadas com o penteado e corte que lhe é dado.

QUE TIPOS DE ROSTO EXISTEM?

Essencialmente, há quatro linhas predominantes que formam as morfologias de rosto, mas como diz José Queirós, conseguimos identificar sete formas de rosto: losango, redondo, retângulo alto, retângulo largo, triângulo terra, triângulo céu e quadrado.

Entre os principais estão o rosto retangular, que tem linhas retas nas regiões do queixo e da testa, com as maçãs do rosto não tão acentuadas; um rosto oval, com curvas delicadas na região do queixo e da testa; e um rosto redondo, que tem curvas óbvias no maxilar, queixo e testa com características arredondadas.

Os cortes devem seguir sempre uma linha de contraste com alguns pontos-chave para cada tipo de rosto, e isso é conseguido através do visagismo. Embora existam estas categorias principais, cada rosto é um rosto e não existem propriamente regras que ditem que um rosto redondo não pode ter franja. Dentro da morfologia de cada rosto, há assimetrias, expressões, jeitos naturais, e tudo isso conta na equação do visagismo.

VISAGISMO RESUME-SE SÓ A CORTE?

Há quem defenda que, além do corte de cabelo, também faz parte do visagismo a cor do cabelo, o tipo de maquilhagem que se usa diariamente e até o design de sobrancelhas. Tudo o que interfere com o rosto, portanto.

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